sexta-feira, 17 de abril de 2020

PLENITUDES


Nenhuma planta é plena. A cada estação lhes falta algo: no verão, flores; no outono, folhas; no inverno, brotos... No inverno, dormem em seu estado moribundo. Então chega a primavera e espanta de tudo uma quase morte, trazendo a cada planta a força aparente da plenitude.

Mas nenhuma planta é plena e, na primavera, não há seus frutos. As folhas estão verdes, renascidas, as flores brotadas. As flores são a véspera dos frutos. Seus perfumes e suas cores atraem os insetos que seguem em sua missão jardineira. Das flores vem o pólen; dos frutos, os caroços. Ambos geram novas plantas.

Entre eles, outono e primavera, o frio do inverno. Seus cinzas, seus vazios, seus recolhimentos próprios... Cada árvore se despe em tronco seco, desfilando a nudez dos campos. O inverno e seus adormecimentos necessários: nenhuma planta é plena.

Mas sua essência, seu estado-planta, segue o rumo de cada estação. E sabe que as pequenas plenitudes brotam entre pólen e caroços.


Um comentário:

  1. Assim como as plantas, nós tb não somos plenos! Temos momentos de plenitude que se envaem e tornam a nos preencher a cada estação. Bjos

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