Quando pequena, conheci as histórias de Hans Christian
Andersen através de um livro de minha irmã: A pequena vendedora de fósforos.
Foi a história mais triste que conheci na vida! Triste, imensamente triste a
história daquela menina que, no inverno inimaginável para uma criança
brasileira, vendia seus fósforos, em pleno Natal, na rua cheia de neve
acumulada.
Aos poucos, percebi que, mesmo tristes, outras histórias de
Andersen entraram em minha infância e permaneceram comigo até a idade adulta: O
Soldadinho de Chumbo, A Pequena Sereia, O Patinho Feio... Tristes,
sim, muito tristes! Já grande, professora e escritora, conheci vários outros
contos de Andersen. Conheci, também, um pouco de sua vida, através de
autobiografias escritas por ele e de biografias escritas por estudiosos de sua
obra.
Até que fui apresentada aos papéis cortados de Hans Christian
Andersen pelo escritor e ilustrador Luís Camargo! Nas páginas virtuais do Museu Hans Christian Andersen, em Odense, e da Royal Library, em Copenhague, conheci
um mundo colorido em papel. Alegre, tão alegre! Todos eles feitos pelas mãos de
Andersen, o mesmo dos contos que me soavam tristes, mas que ficaram comigo até
a vida adulta. Comecei, então, a produzir os poemas de Do Alto do meu Chapéu,
publicado pela Editora Projeto no dia 2 de abril de 2011.
Dia 2 de abril. Dia Internacional do Livro Infantil e
Juvenil. Dia em que, há 215 anos, nascia na cidade de Odense um menino pobre,
que criou um mundo de arte com palavras e imagens. Um mundo triste e alegre ao
mesmo tempo- porque assim é a vida... Através dos contos de Hans Christian,
compreendi que o mundo é triste, mas, alegre também. Rico de personagens e da
poesia de seus papéis cortados!
Por isso, no dia de hoje, salve o menino de Odense, que criou
sua arte ao brincar com marionetes feitas por ele e por seu pai. Salve o menino
esquisito, que, sempre menino, até quando adulto, contava suas histórias ao mesmo
tempo em que recortava suas imagens com tesouras! Salve Hans Christian, que
buscava sua arte, sem dela se esquecer jamais...
Salve o menino que me ensinou, antes de tudo, que o mundo,
nós mesmos o recortamos. Sempre. Criando nossos caminhos, entre palavras, cores
e papéis.
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