Nestes dias de isolamento social,
o jornalista Vítor Diel, um dos criadores do Literatura RS, relatou que, ao
sair para passear perto de casa com o cãozinho da família, percebeu muitos grilos pela rua. E se perguntou: “Será que sempre estiveram ali e não os víamos?
Ou a quarentena reduziu o barulho da cidade e agora os percebemos por todos os
cantos?”.
A partir deste questionamento do
Vítor, retornou aos meus ouvidos o canto dos grilos que temos escutado nas
ruas vazias de ruídos. Uma destas noites, ouvi um som insistente e agudo,
pulsando de forma ritmada. Levantei-me, achando que havia algum problema com o nobreak
do computador. Estaria estragado? Não. Era um grilo que, distante uns bons andares
de mim, cantava sonoramente.
Mas seria aquele inseto um grilo,
um gafanhoto, ou uma esperança?
Com curiosidade própria dos que
estão com tempo para conhecer novos assuntos, pensei em procurar as diferenças
entre grilo, gafanhoto e esperança. Minhas buscas entomológicas não foram muito
além do fato de os três terem cores que variam entre os verdes e as cores
terrosas, até mesmo acinzentadas, de modo a lhes proporcionar camuflagem. Eles também podem cantar. Mestres
da camuflagem e dos cantos ritmados, tanto o grilo, quanto o gafanhoto e a
esperança conferem aos sons que produzem o caráter de música que seduz o outro
para, enfim, preservar a espécie. Como as cigarras.
Grilo, gafanhoto e esperança. Será
que sempre estiveram ali e não os víamos? Confesso que minhas descobertas protocientíficas
não ajudaram muito para meu conhecimento de insetos. Muito menos para tentar
responder a esta pergunta. Talvez sim... Não os escutávamos, não os víamos, por
causa do barulho e do movimento das pessoas e dos veículos de Porto Alegre.
Talvez não... Por causa do desequilíbrio ecológico, eles seguem se multiplicando
indefinidamente... E como cantam!
Apenas uma descoberta, no
entanto, abalou minhas “certezas científicas”: grilo, gafanhoto
e esperança são diferentes em sua forma.
A esperança, por exemplo, tem asas
feitas em formato de folha. Sim, a esperança. A esperança! Este grilo verde, com suas asas em forma de folha, sempre esteve ali!
E a enxergamos toda vez que ela se
faz necessária!
Nenhum comentário:
Postar um comentário