Acordo todos os dias no mesmo horário para trabalhar. As
manhãs não esperam.
Nas segundas-feiras, as ruas são carros e pessoas a caminho.
Hoje não.
Depois de dias dentro de casa, as pessoas surgem aos poucos
em suas janelas. Acordam, vestem-se, conversam com seus celulares, abrem suas
casas para o sol. Seus corpos estão presos em suas gaiolas. Talvez fosse o que
sempre quisessem fazer: estar em casa, dormir, cozinhar, ler...
São poucos os que saem para as ruas, quase todos de
passagem. Na rua, os tantos que nela moram podem, enfim, ser vistos e ouvidos:
ocupam as calçadas com seus colchões, suas casas sem teto, seus animais de
estimação.
As manhãs de segunda, geralmente, acordam a cidade que
retoma sua vida "adulta", suas atividades comerciais,
administrativas, sociais.
Hoje não.
Os dias de reclusão humana fizeram com que viessem os
pássaros: bem-te-vis, quero-queros, sabiás, caturritas...Todos juntos acordam a
manhã desta segunda. Posso ouvi-los de todos os cômodos da casa.
E, em minha memória poética, parodio o verso de Castro
Alves:
A rua! A rua é dos pássaros!
Nenhum comentário:
Postar um comentário